Alguém nesse mundo é capaz de me dizer que gosta do serviço doméstico?
Por favor, gente! Eu não nasci pra isso, estou certa.
Acho que minha última encarnação eu vivi em 1968 e participei ativamente da “queima dos sutiãs”. Sou adepta da liberdade, da independência, da mulher segura de si que faz o que quer e não precisa de ajuda.
Já ouvi muitos discursos que dizem que as mulheres de hoje devem dividir-se no mínimo em 3, ou seja, esposa, mãe e profissional exemplar. Eu particularmente acho que devemos ser umas 6, além das que citei antes, precisamos ser donas de casa, filhas e amigas das nossas amigas que precisam da gente como precisamos delas.
E sabe por que decidi escrever sobre esse assunto hoje? Somente por acaso hoje parei para analisar meu dia. Analisem comigo: acordo as 07 horas, um pouco mais um pouco menos, que seja, tomo meu banho, me visto, acordo meu filhote lindo (que diga-se de passagem é o meu 1º calvário do dia - hehehe), ai começa, vestir ele, escovar dente, calçado, cabelo, deu! Sigo me arrumando, maquiagem, escovar e prender o cabelo, brinco, anel, pulseira (acho que não existe quem não faça isso de manhã), pega bolsa, celular, mochila do Pedro, chave do carro, pega o carro deixa o meu gatinho na escola, e sigo para o trabalho. Ai segue-se a maratona, trabalho até as 18 horas (um pouco mais), tanto que as vezes não sobra tempo pro almoço, mas a gente sempre acaba dando um jeito - já disse que mulheres que trabalham com logística acabam sempre superando os homens na função, e cá para nós ô serviçinho esse.
Ai retorna a fase “mãe”, buscar o Pedróca na escola, passar no super ou padaria, depende do dia e da minha vontade de enfrentar filas, vai pra casa, e em dias como hoje chega revolucionando tudo, lava-roupas, estende, recolhe, lava banheiro, passa pano no chão, lava o restinho da louça do café, “- Pedro vai para o banho!”. Pijama, lanche dele, e ai, o que comer, hummm, deu uma vontadinha de strogonof!!! Vamos para a cozinha, entre momentos de recolhe e estende roupas, “recarrega” a máquina, passa roupas, e por ai vai, sigo cozinhando. Mas enfim, a comida esta pronta, hum e ficou tão boa. Agora, hora de mamadeira e berço, para o nenê claro! Eu ainda tenho umas roupas para guardar, a mochila dele para revisar antes de acordar amanhã e começar tudo de novo (nunca esquecendo de terminar meu texto para o blog).
Mas e por quê? Alguém pediu alguma coisa? O Pablo, nossa, não tem melhor, não me enche o saco pra nada, a neurótica da casa até que sou eu mesma. Mas sigo perguntando. Por quê? Para responder eu volto ao meu pequeno discurso do inicio.
Fazemos isso porque a sociedade nos “criou” assim. Acho que por mais feministas que sejamos, fomos criadas por nossas mães, que foram criadas pelas mães delas e assim consecutivamente. E precisamos admitir, somos criadas para sermos mães, esposas, donas de casa, e somente agora, de alguns anos para cá que estamos criando nossas filhas para serem profissionais exemplares. Mas não adianta o instinto sempre acaba falando mais alto, e acabamos tomando “conta do mundo”.
Somos assim, somos MULHERES.